Bebês sabem que você é feio

A beleza está não nos olhos de quem vê, mas enraizada firmemente no cérebro até de bebês recém-nascidos, segundo um estudo feito por psicólogos infantis.
A nova pesquisa mostra que os bebês nascem com um senso de beleza que se desenvolve no útero como parte de uma habilidade inata de reconhecer rostos.
Testes realizados em bebês de algumas horas de vida mostraram que eles não só são capazes de distinguir entre rostos, como mostram uma preferência bem definida por rostos julgados atraentes pelos adultos.
Os cientistas acreditam que essa preferência seja em grande parte determinada geneticamente, e que ela possa refletir a necessidade que todos os bebês têm de reconhecer faces humanas assim que eles nascem.
O psicólogo do desenvolvimento Alan Slater, da Universidade de Exeter (Reino Unido), disse que, embora recém-nascidos nunca tenham visto um rosto humano antes, eles são capazes de aprender rapidamente a não só reconhecer traços faciais, mas também julgar se eles são atraentes.
"Se você mostrar a bebês de poucos meses de idade dois rostos -geralmente femininos, mas isso também funciona com rostos masculinos-, eles passarão mais tempo olhando para o rosto mais bonito", disse Slater.
"Havia uma noção de que isso fosse uma espécie de protótipo, baseado na média entre os vários rostos aos quais a criança tinha sido exposta nos primeiros dois ou três meses de vida", disse. "Mas, na verdade, nós descobrimos que o mesmo efeito é obtido com recém-nascidos", continuou.
Slater disse durante o Festival de Ciência de Exeter que isso levou sua equipe a concluir que os bebês nascem com uma representação razoavelmente detalhada do rosto humano, que lhes permite detectar e reconhecer faces.

Necessidade
Embora os cientistas saibam há tempos que os bebês nascem com a capacidade de reconhecer traços faciais humanos, esta é a primeira vez que se estabelece a preferência por rostos que adultos consideram atraentes -e atratividade, aqui, significa simetria nos traços, algo que tem sido confirmado por estudos entre várias culturas.
Slater acha que essa preferência está ligada a uma necessidade evolutiva dos bebês. Eles precisam ser capazes de identificar rostos humanos assim que nascem. Bebês são capazes de reconhecer o rosto da mãe 15 horas após o nascimento, afirmou.
Uma explicação para isso pode ser o fato de que o recém-nascido tem um modelo visual inato do rosto humano, baseado numa média estatística de traços.
"As você fizer uma média entre um monte de rostos, o que acontece é que o protótipo resultante -e isto é uma média estatística, não um rosto que parece médio- é um indivíduo extremamente atraente", afirmou o pesquisador britânico.
Essa preferência de adultos por um rosto médio também foi demonstrada em diversos estudos, que usaram um programa de computador conhecido como "Morph" para misturar fotos.
"Minha teoria é que a evolução montou no sistema visual em desenvolvimento alguma representação inata do rosto que, para todos os propósitos, corresponde a uma face atraente", diz Slater.
"Os bebês passam mais tempo olhando para o rosto atraente porque ele lembra mais o protótipo que lhes diz o que é um rosto."

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0609200401.htm

0 comentários:

Postar um comentário